Carros elétricos: “Se queremos chegar à classe média temos de baixar o preço”

A primeira conferência do projeto Carta Elétrica, uma iniciava que junta o Expresso e a EDP teve lugar a 8 de setembro na sede da Impresa, em Paço de Arcos

  1. Henrique Sánchez, presidente da Associação dos Utilizadores de Veículos Elétricos (UVE)
  2. Miguel Eiras Antunes, responsável de mobilidade da Deloitte
  3. Audiência presente no debate
  4. Miguel Stilwell d’Andrade; Vera Pinto Pereira, CEO da EDP Comercial; Miguel Eiras Antunes; Pedro Faria e Henrique Sánchez da UVE

“O que se segue na mobilidade elétrica?”

Esta foi a pergunta que serviu de mote à primeira conferência do projeto Carta Elétrica, um encontro que contou com a presença de:

  • CEO da EDP, Miguel Stilwell d’Andrade
  • CEO da EDP Comercial, Vera Pinto Pereira
  • Secretário de Estado da Mobilidade, Eduardo Pinheiro
  • Responsável pela área de Smart Cities na Deloitte, Miguel Eiras Antunes
  • Presidente da Associação dos Utilizadores de Veículos Elétricos (UVE), Henrique Sánchez
  • CEO da Impresa, Francisco Pedro Balsemão
  • A moderação esteve a cargo do jornalista Ricardo Costa

Estas foram as principais conclusões deste primeiro debate no âmbito do projeto Carta Elétrica:

1. MELHORAR A REDE DE POSTOS DE CARREGAMENTO

  • A mobilidade elétrica sofreu uma forte evolução nos últimos anos, muito por força da agenda das alterações climáticas e da pressão em baixar as emissões de carbono. Mas, apesar do aumento das vendas; da melhoria na autonomia das baterias; da expansão da rede de postos de carregamento e do aparecimento de inúmeros modelos de automóveis de quase todas as marcas no mercado, ainda só 10% dos carros que circulam em Portugal são elétricos, ou seja, cerca de 80 mil. “Em agosto tivemos um crescimento homólogo de 54% e uma quota de mercado de 16,5%, mas se olharmos para o quadro geral ainda somos uma ilha muito pequenina”, diz Henrique Sánchez.
  • Ora, para que as pessoas comprem mais carros não basta haver mais modelos disponíveis, é preciso haver uma infraestrutura de carregamento adequada e com uma forma de pagamento simples, o que ainda não existe. É verdade que a rede cresceu. Segundo Eduardo Pinheiro, “em 2020, o número de postos duplicou e em 2021 teve um crescimento de mais de 50%” e de acordo com Vera Pinto Pereira há procura: “O consumo na nossa rede quadruplicou este ano”, diz. Mas, acrescenta, “há uma necessidade de expansão e que haja mais players como nós a investir e a instalar postos”.
  • Vera Pinto Pereira disse ainda que também está a haver um investimento em tecnologias e soluções para carregar os carros em casa. “smart charging [carregamento inteligente] também é importante, porque se tivermos 15 pessoas a carregar o carro no mesmo prédio alguém pode ficar preso no elevador porque ele vai parar”, conta.

2. BAIXAR OS PREÇOS

  • Outro dos desafios que a mobilidade elétrica tem pela frente são os preços dos carros. “O preço é um desafio grande porque se queremos chegar à classe média temos de baixar o preço”, diz Miguel Eiras Antunes.
  • Miguel Stilwell d’Andrade acredita que os preços vão baixar por força dos progressos tecnológicos que se têm feito nas baterias e até na construção dos carros, que usa materiais mais leves. Apesar de concordar que há ainda um longo caminho a percorrer, o CEO da EDP está confiante de que vai haver uma aceleração nos próximos anos. Não só porque há muitas inovações a acontecer, segundo os comentários de todos os intervenientes na conferência, mas também por força da “pressão exercida pelo movimento de descarbonização”, nota Miguel Stilwell d’Andrade. De facto, acrescenta Henrique Sánchez, “é a realidade que vai obrigar à mudança. Está claro para todos que o ambiente e as alterações climáticas são um acelerador da transição para os carros elétricos”.

3. INFORMAR AS PESSOAS

  • Para Henrique Sánchez o principal desafio é como fazer com que as pessoas comprem mais carros elétricos. Para o presidente da UVE a solução é experimentar, “fazer um test drive de um ou dois dias”, porque já “se pode andar em Portugal, de Norte a Sul, sem problema. A rede já permite isso. Em 2016 diria que não, mas desde 2019 que é possível”. Mas tem noção de que “há uma resistência. O ser humano é um animal de hábitos e há muito desinformação e contrainformação”.

Artigo originalmente publicado no Expresso


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