Restrições à venda de veículos com motor de combustão interna, a partir de 2030

Artigo publicado na edição nº 55 da revista Blueauto de maio de 2022, sobre a Petição Pública lançada pela UVE que propõe o fim das vendas de veículos convencionais com motor de combustão interna já em 2030. Um passo importante para alcançar as metas da transição energética, descarbonização da economia e aceleração da eletrificação dos transportes. 

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A UVE – Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos, no âmbito da sua missão e ação de divulgação da mobilidade elétrica, da promoção da aceleração da eletrificação dos transportes rodoviários, da transição energética e da descarbonização da economia, lançou uma Petição Pública que visa levar à Assembleia da República, para discussão e aprovação, a imposição de restrições à venda de veículos ligeiros com motores de combustão interna.

A Petição Pública está focada em duas datas, 2030 e 2035, no seguimento da ação em que a UVE também já esteve envolvida organizada pela Global EV Alliance (Aliança Global de Associações de Utilizadores de Veículos Elétricos) e que levou à Sede da AVERE (Associação Europeia de Mobilidade Elétrica) em Bruxelas e posteriormente à Conferência das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (COP26) em Glasgow, as mesmas propostas:

• A partir de 2030 apenas seja permitida a venda de veículos 100% elétricos e híbridos plug-in.
• A partir de 2035 apenas seja permitida a venda de veículos 100% elétricos.

Há quem se pergunte se não é utópico exigir que a partir de 2030 não se possam comercializar em Portugal veículos ligeiros exclusivamente com motores de combustão interna (gasolina e gasóleo), ou que a partir de 2035 só possam ser vendidos veículos ligeiros 100% elétricos. Remeto para as palavras do cineasta argentino Fernando Birri, citado pelo escritor uruguaio Eduardo Galeano:

“A utopia está lá no horizonte. Eu ando dois passos e ela se afasta dois passos. Caminho mais dez passos e o horizonte afasta-se mais dez passos. Por mais que eu caminhe, nunca a alcançarei. Então para que serve a utopia? Serve para isto mesmo, para que nunca deixemos de caminhar”

A utopia serve, portanto, para caminharmos, para fazermos o nosso caminho, que neste caso por muito que se afaste de nós a linha do horizonte, creio que um dia os objetivos a que nos propomos serão alcançados.

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Porque é que esta Petição não surgiu antes? Porque é que surge agora?

Só agora estão criadas as condições para o lançamento desta Petição e destas exigências, pois os fabricantes de automóveis já têm ofertas suficientes em diversidade de modelos e de opções, com autonomias reais dos automóveis ligeiros elétricos completamente adaptadas ao nosso país – a autonomia média dos carros elétricos à venda em Portugal é de 400 km; já existe uma Rede Nacional de Carregamento de Veículos Elétricos que permite realizar viagens por todo o país – existem mais de 1.000 postos de carregamento rápido, super-rápido e ultrarrápido e mais de 6.000 postos de carregamento normal – e que em 2030 estará muito mais ampliada em número de postos, sua distribuição geográfica e na potência disponível; a existência de um Programa de Incentivos à Aquisição dos Veículos Elétricos, através do Fundo Ambiental, que permite aproximar o preço de venda dos veículos elétricos ao dos veículos equivalentes com motores de combustão interna.

Porque as alterações climáticas estão aí, já ninguém o pode negar e os seus impactos no modo de vida da Humanidade são uma realidade, leva a que os cidadãos estejam mais despertos para a necessidade de mudanças de comportamentos e de padrões de consumo. Estamos perante uma Emergência Climática e todos somos chamados a mudar algo, por muito pequena que seja essa mudança ela será fundamental.

Portugal é hoje o 13.º país a nível mundial na venda veículos elétricos novos – considerando as duas categorias, os 100% elétricos e os híbridos plug-in – tendo atingido no passado mês de abril uma quota de mercado de 22%, quer mensal, quer anual, e no que se refere apenas aos veículos 100% elétricos essa quota de mercado atinge já hoje os 11% (anual) e os 13% (mensal). Números que colocam Portugal e os portugueses num lugar de destaque no que se refere à adoção de um veículo elétrico.

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Algumas das razões para apoiar a Petição Pública podem ser a melhor resposta aos mitos e dúvidas que ainda subsistem, estes são alguns deles.

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Todas estas “razões” pelas quais algumas pessoas não assinariam nem apoiariam esta Petição Pública e as suas propostas, são facilmente contrariadas pelas muito mais fortes razões que levarão, seguramente muitos milhares de cidadãos a apoiarem e a assinarem a Petição Pública.

Faça parte deste movimento, o seu bolso agradece, os veículos elétricos são uma opção muito mais económica, muito mais eficiente do ponto de vista da energia necessária para percorrer a mesma distância, muito evoluídos tecnologicamente, com um desempenho muito superior aos veículos convencionais com motores de combustão interna, não emitem CO₂ ou qualquer outro GEE (Gás com Efeito de Estufa) e, num país como Portugal que já produz 60% da eletricidade consumida através de fontes renováveis (números de 2021), fundamentais para o combate às alterações climáticas face à Emergência Climática com que o mundo – a nossa única casa -, já se confronta.

Assine a Petição Pública, os seus filhos agradecerão!

Consulte a edição digital da Revista Blueauto, nº 55

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