Projeto inovador com 320 baterias (2,6 MWh) instaladas e em operação desde o ano 2019 na ilha Graciosa permite produzir e armazenar eletricidade de origem renovável.
Fonte: EDA
A transição energética apresentada para os próximos anos tem provocado um aumento na procura de soluções tecnológicas para que a produção de energia elétrica transite progressivamente das fontes de origem fóssil para fontes de origem renovável. Têm-se levantado questões relacionadas como o que fazer à eletricidade quando se produz mais do que é necessário e que sistemas poderão ser implementados para ajudar a que a atual rede elétrica funcione melhor.
Na publicação EDAINFORMA de outubro de 2019 chegou-se à conclusão que “(…) parece estar provado que um sistema de baterias e de regulação, como aquele que a empresa Graciólica instalou na Graciosa, permite, só por si, regular e manter a rede, mesmo em situações críticas de exploração.”
Em julho de 2019 ficou concluída, com sucesso, a última fase de testes, na ilha Graciosa, do sistema constituído por:
- um parque eólico
- um parque fotovoltaico
- um complexo de baterias
- inversores e eletrónica de potência
que permite não só a regulação e a gestão da rede, como também uma maior entrada de energias renováveis.
Em agosto de 2019 foi consumido menos de metade do combustível habitual para a produção de energia elétrica na central térmica da ilha Graciosa e obteve-se uma penetração de renováveis da ordem dos 51,5%, o que é de facto um sucesso!
Na fase de teste, o sistema permitiu o abastecimento contínuo, durante mais de um dia, da Graciosa com energia elétrica de origem 100% renovável, sendo o valor contratual da penetração média anual renovável de 65%. O sistema da Graciólica é constituído por:
- Parque Eólico de 4,5 MW (5 aerogeradores de 900 kW cada)
- Parque Fotovoltaico de 1 MW (4000 painéis de 250 Wp);
- Central de Armazenamento e Gestão de Energia de 7,4 MW/2,6 MWh (3 inversores de 2,475 MW cada e 320 baterias de iões de lítio);
- Linha de MT a 15 kV entre o Parque Eólico da Serra Branca e a Central de Baterias do Quitadouro.
Com este sistema de produção híbrido foi possível, em 2020, abastecer todo o consumo da ilha por um período de cerca de 150 horas, entre 27 de novembro e 3 de dezembro, apenas com energia proveniente de recursos renováveis intermitentes. A ilha Graciosa passou a ser a ilha com maior quota anual de produção de renováveis na Região, que atingiu 60,8%, graças ao sistema de produção híbrido de energia da Graciólica.
Após os últimos ensaios de comissionamento do projeto Graciólica, foram retiradas as seguintes conclusões:
- Aumento da penetração de energias renováveis
- Melhoria dos indicadores de continuidade de serviço
- Aumento da fiabilidade, resiliência do sistema elétrico da Graciosa
- Melhoria da qualidade de serviço prestada a clientes
- Aumento da flexibilidade na gestão de recursos renováveis, ajustando o perfil de geração à procura
- Garantia da segurança da operação em relação a perturbações críticas
- Dispensa de reserva girante associada à geração térmica
- Aumento da flexibilidade na integração de recursos renováveis promovendo desta forma a adoção de energias limpas e a redução da dependência energética regional
- Otimização da exploração da Central Térmica da Graciosa
- A evolução da tecnologia de geração, controlo e de armazenamento fez surgir sistemas de apoio à operação das redes mais evoluídos que conseguem gerir os recursos de uma forma mais eficiente. O projeto Graciólica tem evidenciado a importância de um Sistema Inteligente de Gestão de energia Graciólica (Energy Management System) para a gestão total do sistema híbrido. Verificamos a necessidade de acompanhamento do sistema de armazenamento de baterias na fase inicial do projeto de forma a tentar otimizar em conjunto com o fabricante o funcionamento do sistema híbrido em serviço na Graciosa
Em resumo, os resultados atingidos na ilha Graciosa são de facto positivos e apontam para um caminho longo no desenvolvimento deste tipo de instalações. Na prática, ficamos à espera que mais projetos semelhantes sejam instalados no país, para que a produção de energia elétrica seja o mais isenta possível das fontes de origem fóssil. Parabéns à EDA e respetivos parceiros pela execução deste empreendimento e por mostrar ao mundo que é possível percorrer um novo caminho, mais eficiente e sustentável.