HUBs para todos: por onde andam?

Artigo da UVE – Associação de utilizadores de Veículos Elétricos, publicado na edição n.º 80 da BlueAuto (que assinala o 7º aniversário da revista) sobre a localização dos HUBs de carregamento de veículos elétricos existentes ou em processo de instalação em Portugal.


Um HUB – estação de carregamento -, é um local onde se podem encontrar uma múltipla oferta de pontos de carregamento (que permitem utilização simultânea), e, preferencialmente, com vários formatos de tomadas, potências, tarifas e formas de pagamento possíveis.

Estes são deveras importantes para a mobilidade elétrica em duas vertentes: para o utilizador dos mesmos, que permite garantir uma maior disponibilidade, o que minimiza o tempo de espera e carregamento do seu veículo; e para quem não é ainda utilizador, demonstrar que existe oferta real de meios de carregamento, acessíveis e dispersos, para fazer conscientemente a sua mudança sem constrangimentos.

A disponibilidade, qualidade e diversidade de HUB’s de carregamento espalhados por todo o território, é das melhores publicidades que se podem fazer a quem questiona a sua mudança para a mobilidade elétrica, a nível particular ou de frotas comerciais.

Galp – Esmoriz (aguarda ligação, 12 pontos até 300 kW)


A rede de carregamento da Tesla sempre teve esta visão clara de serviço para os seus clientes, e só no último ano começou a abrir as suas estações privadas a mais utilizadores em alguns países, dentro do seu ecossistema fechado. Já no nosso país, a aposta nestes projetos de maior investimento pelos operadores, tem sido ainda muito contida, mas a realidade tem vindo a mudar e terá melhor expressão a partir deste ano.

A nível histórico, a EGME lançou, em 2020, um concurso para 10 HUB’s públicos com 14 pontos de carregamento cada, (de 22 kW a 150 kW). Destes, somente 7 estão hoje em funcionamento, concessionados aos operadores Atlante, EDP Comercial e Prio, em: Guimarães, Viseu, Matosinhos, Coimbra, Leira, Loures e Loulé. Um novo concurso público, denominado de “Ruas elétricas” prevê ainda durante o próximo ano, dotar os municípios aderentes, de HUB’s mas só de carregamento normal.


O aparecimento destes em vias de muito tráfego de veículos elétricos, onde são realmente de grande necessidade, como o caso das autoestradas, teve início com o operador IONITY com múltiplos pontos de 350 kW, localizados em Albergaria-a-Velha (IC2/A25), Almodôvar (A2), Barcelos (A3), Castelo Branco (A23), Estremoz (A6) e Leiria (A1). Encontram-se atualmente em instalação novas estações na Guarda (saída A25), Óbidos (saída A8), Marateca (saída A2), estando ainda planeados novos locais como Maia, Albufeira e mais de duas dezenas similares pelo país.

IONITY – Guarda (em instalação, 6 de 12 pontos até 350 kW)


Face aos constrangimentos do aumento da oferta nas áreas de serviço nas autoestradas, a opção dos operadores passa por instalar estes serviços perto das saídas das mesmas, que é o caso da Atlante, que inaugurou já um HUB com pontos de 300 kW em Bragança (saída A4), e conta inaugurar nos próximos 3 meses mais 3 estações semelhantes na Guarda (saída A25), Tondela (EN2) e Vila Velha de Ródão (saída A23). Já em instalação para este ano, estão mais de uma dezena de novos HUB’s com 6 a 8 pontos de carregamento cada.

Prevê-se, ainda, que um recente acordo da Atlante com a REN, permita utilizar as redes de distribuição em MAT (Muito Alta Tensão, projeto Speed-E) para ligar postos de grande potência em zonas onde seja mais difícil chegar ramais em média tensão (MT).

Também com esta abordagem e numa escala de massificar este conceito em zonas comerciais, a PowerDot tem disponibilizado diversos destes exemplos com cerca de uma centena destas estações já instaladas ou planeadas de norte a sul do país, desde centros comerciais, cadeias de lojas, hotéis e restaurantes. Estas zonas são ideais, pois podemos deixar de esperar pelo tempo de carregamento, paralelizando este com outras atividades no mesmo local da estação.

PowerDot – Évora (em operação, 7 pontos até 180 kW)


Já a EDP Comercial, que opera já 3 HUB’s e aguarda a ligação de mais 2, anunciou recentemente a instalação de novas estações em 7 espaços comerciais (Decatlhon)  de norte a sul.

Recentemente chegado ao mercado nacional, o operador Iberdrola  | bp pulse, conta também com um plano de expansão bastante expressivo, quer em multipontos ultrarrápidos em áreas de serviço, mas principalmente ao nível de muitas dezenas de HUB’s planeados e alguns já em instalação, onde se prevê também o carregamento de veículos pesados. O primeiro destes exemplos com ligação muito em breve será em Grândola (saída A2), assim como em Odivelas (saída A8). Já nas áreas de serviço de autoestrada prevê-se que estejam ligados até final deste ano de 2024, estações de carregamento com 6 a 8 pontos (por área de serviço) na A25 de Mangualde e Vilar Formoso (Norte).

Bp Pulse Iberdrola – Rio de Mouro (em instalação, 4 de 8 pontos até 150 kW)


Nesta fase, os constrangimentos e atrasos nestes projetos de maior escala passam pelos morosos processos de ligação à rede elétrica, onde se inclui a obtenção de ramal de energia e as autorizações e certificações inerentes. Alguns exemplos concretos em Esmoriz (saída A29), onde o operador Galp (que já opera 3 HUB’s) aguarda há quase 1 ano pela ligação de uma estação com postos de 300 kW (com equipamentos ultrarrápidos de fabrico nacional), assim como vários locais da PowerDot em espera por processos semelhantes há dezenas de meses.

Se consideramos estações com 4 ou mais pontos rápidos a ultrarrápidos, teremos em maio de 2024 os seguintes números acumulados em 144 HUB’s públicos (e 11 privados): 560 pontos públicos ligados (e 90 privados), 140 pontos em instalação (e 20 privados) e mais 206 pontos planeados para instalar.

Feitas as contas, a rede de carregamento, por todo o investimento que os atuais e futuros operadores pretendem realizar, está em grande parte limitada pelos recursos para ligar estes projetos de maior potência à rede de distribuição, mas também pelos contratos de concessão castradores em muitas áreas de serviço de autoestradas. Urge desbloquear estas situações, simplificar processos, tipificar as soluções já utilizadas e envolver todas as entidades necessárias para agilizar a ligação destas estações, que serão, daqui em diante, o novo normal das redes de carregamento.

Consulte a edição digital da Revista BlueAuto, nº 80


Quando se assinala o 7º aniversário da revista BlueAuto, um agradecimento especial da UVE – Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos, ao seu Diretor, Francisco Vieira, uma voz sempre em defesa da mobilidade elétrica, dos veículos elétricos, da eletrificação dos transportes rodoviários, identificando desde cedo que os veículos elétricos não são uma ‘moda’, mas sim o caminho para um futuro mais sustentável.

Destacamos nesta edição da BlueAuto a excelente nota editorial “Sim, o futuro vai mesmo ser elétrico… e está cada vez mais próximo!“, do qual destacamos o seguinte excerto:

“Não parece ser óbvio para todos, mas agora são mesmo os números e as tendências atuais – e não nenhuma crença ou profecia – a confirmar que, tal como a BlueAuto tem testemunhado ao longo destes 7 anos desde a sua 1ª vez que prometeu partir “à descoberta do futuro automóvel” e que antecipou que esse futuro seria elétrico, a transição energética está mesmo já em curso; a viagem rumo a uma mobilidade sem emissões não tem como voltar atrás; e esse futuro elétrico está até cada vez mais próximo…”

Parabéns à BlueAuto, ao seu Director Francisco Vieira e a toda a equipa que produz mensalmente a revista que já é uma referência na divulgação da mobilidade elétrica em Portugal.

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