Comunicado UVE n.º 6/2021, sobre o aumento de 79% das tarifas da EGME para vigorarem em 2022, conforme divulgado pela ERSE.


Comunicado n.º 6 / 2021 – UVE
Forte e injustificado ataque aos utilizadores da
Rede Pública de Carregamento de Veículos Elétricos
A Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos (UVE) emitiu, no passado dia 22 de abril de 2021, um comunicado sobre as tarifas da Entidade Gestora da Mobilidade Elétrica (EGME), atualmente a Mobi.E, aprovadas pela Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE), onde já nessa altura nos opúnhamos à introdução de tarifas completamente desajustadas, e que vinham contra a corrente do atual momento de desenvolvimento da Mobilidade Elétrica em Portugal, na Europa e no Mundo. Já então defendemos:
- O valor das taxas a aplicar deve ser diferente e mais baixo para os carregamentos normais e de curta duração em relação ao valor das taxas a aplicar aos carregamentos rápidos;
- A aplicação da taxa deverá ser efetuada por energia (kWh) consumida e não por um valor fixo, numa base de que quem carrega mais, deverá pagar proporcionalmente, para não serem prejudicados os utilizadores com menor capacidade de carregamento na sua viatura elétrica;
- A comparticipação destas taxas deverá prolongar-se, no mínimo, por mais dois anos para compensar o impacto negativo da pandemia, para incentivar e fomentar a transição energética nos transportes ligeiros, de passageiros e de mercadorias e a eletrificação das frotas das empresas;
- O impacto destas taxas nos proveitos da EGME deverá ser suportado por fundos públicos afetos à descarbonização da economia e à eletrificação dos transportes, por um período de dois anos, até 1 de maio de 2023;
- A taxa a aplicar ao DPC parece-nos estar de acordo ao benefício que este tipo de equipamento permite para as soluções a instalar em parques comuns com um único ponto de entrega de eletricidade, como são os condomínios.
Este aumento das tarifas da EGME de 79% divulgado pela ERSE para vigorarem em 2022, a pouco mais de seis meses de terem entrado em vigor, é anunciado contra todas as expectativas criadas pelas diversas reuniões que a UVE manteve nas últimas semanas com as entidades envolvidas no desenvolvimento da Mobilidade Elétrica em Portugal.
À data, atravessamos um período de forte crescimento da Rede Pública de Carregamento, acrescido de um enorme aumento das vendas de veículos elétricos em Portugal, com o consequente impacto positivo na receita da Mobi.E, fruto de um expectável forte aumento do número de carregamentos (estimativas apontam para uma média de 300.000 carregamentos/mês em 2022).
Todas as instituições contactadas pela UVE mostraram-se totalmente em desacordo com o aumento anunciado pela ERSE, desde o próprio Parecer desfavorável do Conselho Tarifário da ERSE (ponto 6, pág. 17), que alerta para um desincentivo e estagnação do desenvolvimento da Mobilidade Elétrica em Portugal com esta ação, assim como da própria Mobi.E – entidade que seria a beneficiária do referido aumento -, da Associação Portuguesa de Operadores e Comercializadores de Mobilidade Elétrica (APOCME), da generalidade dos Operadores de Postos de Carregamento (OPC) e Comercializadores de Eletricidade para a Mobilidade Elétrica (CEME), da esmagadora maioria dos utilizadores de veículos elétricos, e do mais elementar bom senso.
O atual momento de expansão da Mobilidade Elétrica exige que possamos alcançar as metas na eletrificação dos transportes terrestres e na descarbonização da economia a que, como país, Portugal se comprometeu, por isso, a Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos (UVE):
- Repudia o aumento das tarifas da EGME, considerando-as um ataque frontal aos utilizadores de veículos elétricos e ao modelo adotado por Portugal;
- Exige uma revisão imediata deste aumento, no limite com a manutenção das tarifas atualmente em vigor, relembrando que mesmo estas continuamos a considerar desajustadas, quer na forma, quer no tempo.
Lisboa, 20 de dezembro de 2021



Artigos relacionados

Vitória dos Utilizadores de Veículos Elétricos!
Comunicado UVE n.º 7/2021, sobre a decisão do Ministério do Ambiente e da Ação Climática (MAAC) que anula o aumento das tarifas da Entidade Gestora da Mobilidade Elétrica (EGME), decidido pela Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE). Esta decisão representa uma vitória para os Utilizadores de Veículos Elétricos.

Na sequência da candidatura submetida pela UVE em agosto de 2018, foi publicada a 7 de dezembro de 2021, a decisão da Presidência do Conselho de Ministros, que atribui o estatuto de Entidade de Utilidade Pública à UVE – Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos, por atividades relevantes no âmbito da promoção da Mobilidade Elétrica em Portugal.
