Incentivo fiscal criado em 2017 premeia apenas mil unidades. Ao ritmo atual, deverá acabar antes do final do ano.
As vendas de automóveis elétricos aumentaram 210% em janeiro face ao mês homólogo do ano passado, quando se venderam ao todo 756 carros elétricos, revelam os dados da Associação Automóvel de Portugal (ACAP). A aceleração neste segmento, que tem sido menos preferido entre os veículos à base de energias alternativas em Portugal, tem tudo que ver com o incentivo do governo para 2017, defende a Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos (UVE). E a este ritmo, os mil cheques de 2250 euros que o Fundo Ambiental dispõe para a aquisição de automóveis elétricos vão acabar antes do final do ano.
“O incentivo vai esgotar rapidamente, visto que é acessível quer a particulares quer a empresas”, diz Henrique Sánchez, presidente da UVE. “É pouco, mas é um princípio e, havendo ainda poucos carros elétricos no país [2170 vendidos entre 2000 e janeiro de 2017], sempre contribui para divulgá-los”, acrescenta o entusiasta da mobilidade elétrica, lamentando apenas que o incentivo seja “burocrático, pois era mais simples um desconto no IVA, como sucede lá fora”. A associação defende também um incentivo a mais veículos elétricos, como os de duas rodas e todas as espécies de híbridos, que ainda são os que mais se vendem.
“Ainda são números pequenos, mas acredito que as pessoas estão a começar a acordar e a perceber que, mesmo tendo um valor de aquisição mais elevado, vai acabar por compensar”, explica Marcos Lopes, da UVE. O aumento da rede de postos de abastecimento rápido e a remodelação dos convencionais, após cinco anos de abandono e degradação, deverão ajudar, “diminuindo a ansiedade da autonomia que ainda preocupa os utilizadores”.
No lado oposto, em janeiro deste ano, os automóveis diesel venderam +8,6% face ao mês homólogo de 2016 (9745 contra 8973 unidades) e os carros a gasolina venderam +2,8% (4692 comparado a 4562 unidades). “Vai demorar algum tempo, mas não tenho dúvidas de que a mentalidade vai mudar e o governo deve dar o empurrão, inclusive ampliando os incentivos a outros veículos ecológicos, ainda que possam não ser 100% elétricos”, remata Henrique Sánchez.
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